sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Pierre Bourdieu: importância e influência na educação contemporânea

Pierre Bourdieu: importância e influência na educação contemporânea

Acadêmica: Jocinara Buligon

A partir dos anos 60 Bourdieu produziu durante quase 45 anos um conjunto de análises no ambiente da sociologia da educação e da cultura que influenciou muitos intelectuais.
Em “Uma sociedade da produção do mundo cultural e escolar”, introdução a Escritos de Educação (1998) que reúne onze textos de Bourdieu, escritos por Nogueira e Catani que citam:
“Ao mesmo tempo em que colocava novos questionamentos, sua obra fornecia respostas originais, renovando o pensamento sociológico sobre as funções e o funcionamento social dos sistemas de ensino nas sociedades contemporâneas, e sobre as relações que mantêm os diferentes grupos sociais com a escola e com o saber. Conceitos e categorias analíticos por ele construídos constituem hoje moeda corrente da pesquisa educacional, impregnando boa parte das análises brasileiras sobre as condições de produção e de distribuição dos bens culturais e simbólicos, entre os quais se incluem os produtos escolares” (1998).

Bourdieu construiu sua trajetória analítica no domínio da sociologia da educação procurando opor-se a um idealismo em que a reflexão é destituída de qualquer fundamento histórico. No artigo escrito no ano de 1996 “A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura” rompe com as explicações fundadas em aptidões naturais e individuais e critica o mito do “dom”, desvendando as condições sociais e culturais que permitiriam o desenvolvimento desse mito. Criticando a forma como o sujeito é tratado pelos sistemas institucionalizados, que apresentam fórmulas prontas para serem postas em prática pelos atores sociais.
Segundo Bourdieu:

“para que sejam desfavorecidos os mais favorecidos, é necessário e suficiente que a escola ignore, no âmbito dos conteúdos do ensino que transmite, dos métodos e técnicas de transmissão e dos critérios de avaliação, as desigualdades culturais entre as crianças das diferentes classes sociais. Tratando todos os educandos, por mais desiguais que sejam eles de fato, como iguais em direitos e deveres”.


Neste conceito que Bourdieu afirma para cada carga cultural ou herança familiar como algo de vantagem ou desvantagens na escola, os gostos, maneira, religiosidade, enfim costumes que diferenciam o aluno no que leva ao tratamento que ele recebe no ambiente educacional, sendo assim uma pessoa de habitus requintados alcança melhores posições na escola e com efeito no mundo profissional, nesta hipótese frustra as pessoas menos favorecidas aumentando a evasão escolar.
Mas para afirmar que a escola reproduz desigualdades sociais Bourdieu relata também o capital econômico das famílias como um fator importante para o êxito e a frustração na vida escolar.
A sociologia da educação de Bourdieu continua sendo festejada nos dias atuais lançando um novo modelo para explicar a escola e a educação diferente da forma como eram entendidas até a primeira metade do séc. XX. A grande contribuição da sua sociologia da educação foi a de ter fornecido as bases para romper a ideologia do dom e com a noção moralmente carregada de mérito pessoal. A partir de suas teses foi praticamente impossível analisar as desigualdades escolares, simplesmente, como frutos das diferenças naturais dos indivíduos.

Referências Bibliográficas:

BORDIEU, Pierre. A reprodução. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.

NOGUEIRA, Cláudio Marques Marques; NOGUEIRA, Maria Alice - Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002.






0 comentários:

Comente...