Pierre Bourdieu: importância e influência na educação contemporânea
Acadêmica: Jocinara
Buligon
A partir dos anos 60 Bourdieu produziu
durante quase 45 anos um conjunto de análises no ambiente da sociologia da
educação e da cultura que influenciou muitos intelectuais.
Em “Uma sociedade da
produção do mundo cultural e escolar”, introdução a Escritos de Educação (1998)
que reúne onze textos de Bourdieu, escritos por Nogueira e Catani que citam:
“Ao mesmo tempo em
que colocava novos questionamentos, sua obra fornecia respostas originais,
renovando o pensamento sociológico sobre as funções e o funcionamento social
dos sistemas de ensino nas sociedades contemporâneas, e sobre as relações que
mantêm os diferentes grupos sociais com a escola e com o saber. Conceitos e
categorias analíticos por ele construídos constituem hoje moeda corrente da
pesquisa educacional, impregnando boa parte das análises brasileiras sobre as
condições de produção e de distribuição dos bens culturais e simbólicos, entre
os quais se incluem os produtos escolares” (1998).
Bourdieu construiu sua
trajetória analítica no domínio da sociologia da educação procurando opor-se a
um idealismo em que a reflexão é destituída de qualquer fundamento histórico.
No artigo escrito no ano de 1996 “A escola conservadora: as desigualdades
frente à escola e à cultura” rompe com as explicações fundadas em aptidões
naturais e individuais e critica o mito do “dom”, desvendando as condições
sociais e culturais que permitiriam o desenvolvimento desse mito. Criticando a
forma como o sujeito é tratado pelos sistemas institucionalizados, que
apresentam fórmulas prontas para serem postas em prática pelos atores sociais.
Segundo Bourdieu:
“para que sejam
desfavorecidos os mais favorecidos, é necessário e suficiente que a escola
ignore, no âmbito dos conteúdos do ensino que transmite, dos métodos e técnicas
de transmissão e dos critérios de avaliação, as desigualdades culturais entre
as crianças das diferentes classes sociais. Tratando todos os educandos, por
mais desiguais que sejam eles de fato, como iguais em direitos e deveres”.
Neste
conceito que Bourdieu afirma para cada carga cultural ou herança familiar como
algo de vantagem ou desvantagens na escola, os gostos, maneira, religiosidade,
enfim costumes que diferenciam o aluno no que leva ao tratamento que ele recebe
no ambiente educacional, sendo assim uma pessoa de habitus requintados alcança
melhores posições na escola e com efeito no mundo profissional, nesta hipótese
frustra as pessoas menos favorecidas aumentando a evasão escolar.
Mas
para afirmar que a escola reproduz desigualdades sociais Bourdieu relata também
o capital econômico das famílias como um fator importante para o êxito e a
frustração na vida escolar.
A
sociologia da educação de Bourdieu continua sendo festejada nos dias atuais
lançando um novo modelo para explicar a escola e a educação diferente da forma
como eram entendidas até a primeira metade do séc. XX. A grande contribuição da
sua sociologia da educação foi a de ter fornecido as bases para romper a
ideologia do dom e com a noção moralmente carregada de mérito pessoal. A
partir de suas teses foi praticamente impossível analisar as desigualdades
escolares, simplesmente, como frutos das diferenças naturais dos indivíduos.
Referências Bibliográficas:
BORDIEU, Pierre. A reprodução. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
NOGUEIRA, Cláudio Marques Marques; NOGUEIRA, Maria Alice - Educação
& Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002.